Peter’s POV
O mal das pessoas é não levar o que eu digo a sério. Eu avisei que teria consequências. Eu disse que ele deveria fazer o que eu digo. Eu disse que ele não podia proteger todo mundo. Ele me ouviu? Claro que não. Scott tem o cérebro muito pequeno. Não raciocina direto. Por causa dessa burrice dele, agora a tal Sally está em coma num hospital. Se eu não tenho remorço? Sim. Mentira. Claro que não! Ele escolheu brincar com a pessoa errada. Eu avisei, não avisei? Claro que avisei. Posso ser assim, mais ainda tenho coração. Ele não ouviu e não obedeceu porque não quis.
Agora, veja só. Um babaca daqueles querendo atrapalhar meus planos. Planos estes que eu espero para colocar em prática há anos. No início, ele até que me foi útil. Um bom brinquedo. Mas então, ele começou com essa palhaçada de “paixão platônica”. Não aguento uma coisa dessas. Não tenho tempo para essas coisas de adolescentes em processo de amadurecimento. Tenho uma vingança para executar, e Alysson é o alvo principal. Mas, graças ao Scott, eu tive que fazer alguns desvios. Nada que me prejudicasse. Esse é o bom de ser como eu, saber os segredos mais podres das pessoas. Eu tenho todos ao meu favor, sob o meu comando. Consegui fácil alguém para cumprir a promessa feita ao Scott. Outro erro dele: achar que eu não sei das coisas. Eu sei de tudo. Comemoração do aniversário de 2 meses de namoro? Que lindo! Pena que um carro chocou contra o da tia dele e ela bateu num poste. Sendo sincero, era para tudo isso ser só um susto, mas saiu melhor do que eu imaginei. A mulher ficou em coma! Podia ser melhor? Claro que não!
Agora ele está lá, sofrendo, chorando. Coitado. Ainda tem emoções. Scott é tão vulnerável, tão emotivo. Isso não é bom para alguém que está envolvido comigo. Se ele se descontrola tão fácil assim, como vai conseguir sobreviver aos meus ataques? E quando Alysson souber da aposta? Tenho a certeza de que ele vai surtar.
Falando em aposta, um passarinho verde me contou que a Alysson está prestes a saber de tudo, e olha que eu nem estou envolvido nisso dessa vez. É uma pena. Eu queria ter esse prazer. Mas desse jeito, tudo está saindo melhor do que o esperado. Tudo está saindo ao meu favor. Depois de tanta tragédia na minha vida, finalmente eu estou conseguindo o que eu quero. Ela vai pagar muito caro pelo que fez comigo.
Alguns me acham louco por ter essa fixação por ela, mas eu não me importo. Eles dizem isso porque não entendem. Nós nos amamos. Ela só ficou confusa por um tempo. Isso é normal. Mulheres são estranhas, eu entendo isso. Por isso, ainda espero o dia em que ela vai voltar para mim. Mas, enquanto isso não acontece, eu tenho que lembrá-la quem é que manda aqui. Ela não pode brincar comigo desse jeito. Ninguém brinca com Peter Evans! Só eu posso brincar com as pessoas. E esse, por incrível que pareça, é mais uma motivo para me chamarem de louco.
Meus avós uma vez me levaram num médico para avaliar minha saúde mental. Nunca me disseram o resultado, até porque, depois disso, eles me jogaram num orfanato cheio de crianças doidas. Eu fugi de lá. Meus pais? Nunca nem vi a cara deles. Mas também nunca me importei com isso. Foi bom crescer sozinho nas ruas. Aprendi a sobreviver. Mas sabia que viver ali não me levaria a lugar algum. Eu ficaria na rua com aqueles caras. Eu poderia até ser temido por todos, mas seria temido por causa das minha companhias. Eu queria ser temido pelo que eu sou. Com 12 anos, entrei em uma escola e pedi ajuda. Lá mesmo, conheci uma professora. Ela foi pessoa que mais me ajudou nessa vida. Ela demorou muito tempo para me levar para sua casa. A princípio, eu ficava jogado na rua. Às vezes dormia dentro da escola mesmo. Ela me arranjou uniforme, material escolar e uma vaga na escola. Minha vida estava começando a mudar. Depois de um tempo, uma ano mais ou menos, ela me levou parar morar consigo. Nunca disse que eu era seu filho nem nada do tipo, apenas cuidava de mim, e eu também não a via como uma mãe.
O tempo passou e muito coisa mudou. Hoje eu estou aqui, tentando recuperar a dignidade que eu perdi há alguns anos atrás. Eu sei que uma hora ela vai cair em si e voltar para mim. De vez em quando, ela ainda aparece para mim, na calada da noite. Mas diz que não é nada sério. Não volta para mim definitivamente. É apenas um lance casual, para matar a saudade. Não é isso o que eu quero. Eu quero que ela seja minha, só minha, toda minha, como era antes.
Como eu sempre digo, paciência é uma virtude. Estou esperando, e vou esperar o tempo que for preciso para que ela volte. Mas é claro que não vou esperar sentado. Minha vingança vai continuar. Ela vai sofrer enquanto não voltar para mim. Vou machucá-la em todos os sentidos que eu puder. Vou feri-la de todas as formas. Ela vai voltar, nem que seja a força.