Alysson's POV
- Alysson Cooper. - Estremeci com o som da voz inconfundível que soou atrás de mim.
- Alysson Cooper. - Estremeci com o som da voz inconfundível que soou atrás de mim.
Faz um bom tempo que não nos falamos. Faz um bom tempo que eu não ouço essa voz, que não vejo esses cachos loiros de perto, esses olhos dourados. Sinto falta dele.
- Scott. - Minha voz saiu meio tremida, mas não sei se ele percebeu. - Você veio - Depois de todo esse tempo, ainda fico nervosa ao falar com ele. Isso é uma coisa tão idiota.
- Vim - foi tudo o que ele disse.
O silêncio preencheu o ambiente. Isso não está nada confortável. Preferia quando ele me perseguia, rebatia minha provocações, me provocava. Não sei lidar com o silêncio.
- Você… Você precisa de alguma coisa? - decidi quebrar o silêncio.
- Preciso - respondeu rapidamente. - Preciso de você. - Arqueei uma das sobrancelhas. É estranho ouví-lo dizer algo assim.
Ele precisa de mim.
De alguma forma, essas palavras fizeram aquecer algo dentro de mim. Não que eu quisesse. Não, se eu pudesse, eu arrancaria todo esse sentimento de dentro de mim e o destruía. Não quero, não posso sentir nada por ele.
- De mim?
- Alysson, eu não aguento mais ficar assim com você. Eu acordo todo dia pensando em como o meu dia vai ser uma porcaria só por que você não vai estar nele. Eu sei que eu sou um completo idiota, sei que eu só faço besteira, mas sei que posso melhorar. E eu preciso de você para fazer essa mudança acontecer.
O que eu poderia dizer depois disso? Eu não queria dizer nada. Só queria beijar aqueles lábios que clamam silenciosamente pela minha aproximação.
Controla-te, Alysson. Ele ainda é o Scott, disse para mim mesma.
- Scott, eu não sei se eu… - tentei arrumar uma desculpa para dispensá-lo, acabar com essa tortura, mas ele me interrompeu:
- Namora comigo?
Não, isso é golpe baixo.
- O que?
Scott pôs a mão no bolso e tirou algo de lá. Algo brilhante. Um anel.
Ah, não. Esse golpe é tão baixo que chega a ser subterrâneo.
- Namora comigo, Alysson? - ele repetiu.
- Scott, acho que você está sendo meio… impulsivo - Ele paralisou.
A quem eu quero enganar? Tenho certeza de que, se ele insistir mais, eu não respondo por mim. Aí eu estarei sendo impulsiva. Não, impulsiva não. Sentimental, talvez.
- Não sei se algum de nós está pronto para um relacionamento sério agora. - Essa foi a pior desculpa que eu já invetei em toda minha vida! Eu poderia me jogar de uma ponte agora.
Quem se importa se estamos ou não prontos para um relacionamento sério. Cheguei a um ponto que minha sanidade mental me largou. Eu não quero saber se ele é o maior pegador da escola, se eu vou ser apenas mais uma na lista enorme dele. Eu preciso dele, e algo me diz que ele disse a verdade quando confessou que precisa de mim.
- É por causa das coisas que a Sarah falou, não é?
- Coisas que a Sarah falou? - Sim, a Sarah me disse umas coisas. Algo sobre ele estar com outras garotas, que ele tinha voltado a ser o velho Scott. Admito que não consegui acreditar nela. Eu sei que deveria. Tenho provas suficientes para acreditar. Scott é volúvel, imprevisível, tal qual as ondas do mar. Quando você menos espera, as ondas grandes vem, e, tão de repente quanto veio, elas se vão e as águas se acalmam. Nunca se sabe o que esperar, a menos que você o conheça e o estude constantemente, acompanhando suas mudanças e evoluções.
- Ela me contou, Aly. - Um dia eu ainda mato a Sarah. Anotem o que estou dizendo. - E disse também que só disse tudo aquilo por estar de cabeça quente. Nós estávamos brigados. É normal ela querer queimar o meu filme. Você sabe que eu mudei, Alysson. E foi por você. - Eu sei. Droga, eu sei. Mas uma parte de mim ainda se recusa a acreditar.
- Não sei se eu consigo acreditar em você de novo - eu disse por fim. Acho que é a primeira vez que digo algo que realmente penso nessa conversa.
- Eu já fiz tantas coisas erradas. Coisas que eu entenderia se você resolvesse parar de confiar em mim ou qualquer coisa assim. Mas o que eu fiz agora? O que foi tão grave assim?
- Eu não sei, Scott.
E é verdade. Eu não faço ideia do que tenha me feito pensar assim. Talvez o ocorrido no meu quarto há uns dias atrás, ou as palavras de Sarah, ou quem sabe o passado dele. Eu não sei ao certo.
- Tudo bem. Não vou insistir. - Guardou o anel novamente no bolso da calça. - Não precisa responder agora. Pense um pouco. Mas não demore muito, Alysson. O amor não espera para sempre. - Virou-se e entrou em casa novamente.
Droga, Alysson, disse meu subconsciente, Você consegue finalmente encontrar alguém que goste de você de verdade, e você o deixa ir?!
Eu não quero deixá-lo ir. Mas algo me diz que, se eu disser aquelas três letras, eu vou me machucar e eu não quero reabrir feridas, ou criar novas. Não quero. Já doeu uma vez. Não sou burra a ponto de correr atrás do mesmo sofrimento.
Peter e Scott podem ser diferentes, mas transmitem a mesma essência: perigo. Não gosto de viver perigosamente, pisando em lugares que eu não enxergo. Eu gosto de saber bem no que estou me metendo, e eu não sei se consigo ter essa certeza com o Scott.
Quem se importa com certezas?, gritou meu subconsciente.
Eu me importo.
Mas acho que tudo o que eu acreditava deixou de ter importância, no dia em que esses olhos dourados encontraram os meus pela primeira vez.
Sem conseguir mais me conter, corri. Corri de encontro ao que poderia ser o tal “felizes para sempre” que os livros tanto falam. Um “felizes para sempre” diferente, perigoso e imprevisível. O meu “felizes para sempre”.
O alcancei ainda na cozinha e envolvi seu braço com ambas as mãos, num ato delicado.
- Vou me arrepender se disser sim?
Tudo que ele fez foi me beijar.
Sim, ele juntou nossos lábios. Tudo o que eu queria fazer há dias.
Eu sei que essa história vai continuar além daqui, mas, enquanto eu vivo esse momento, esse é o meu “felizes para sempre”.